domingo, 29 de janeiro de 2012

Mãe, desculpe, mas você estava errada...


Desde criança, minha mãe ensinou:

"Filha, quando alguém fizer uma maldade para você, pague com o bem. Quando te ofenderem, saia de perto e não se rebaixe. Você é melhor que isso. Você é superior a isso tudo. Calar é o melhor remédio, porque as palavras bravias são fruto dos ignorantes e sem amor no coração. Se entristeça, se for o caso, mas não se abale. O mundo sabe quem você é."

Mãe, quem sabe no seu mundo fosse assim. Mas no meu já não é mais. Ficar em silêncio é sinal de idiotice. Pagar com o bem, por aqui, chamam de burrice. Quando alguém te ofende, e você se retira da briga, dizem que você vestiu a carapuça. Quando você silencia diante das ofensas, dizem que é porque você é culpado de todas. Mas concordo com você de que falta amor no coração. Acho que isso ficou do seu tempo.

Mas por aqui, quando você se mostra triste por ser caluniado e difamado, dizem que está se fazendo de vítima ou coitadinho. Só vale o soco, o tapa, o pontapé e as fofocas ao pé do ouvido ou qualquer outro meio de comunicação que se tenha hoje. 

Mãe, acho que você estava errada. Eu tenho tentando fazer tudo o que você me ensinou. Nem sempre dá certo. Mas eu estou tentando. E cada vez piora. Cada vez mais coisas ruins surgem e cada vez me decepciono mais com as pessoas. Cadê aquele monte de gente de bom coração que você disse que eu iria encontrar? Tenho topado com poucas durante a minha vida. E algumas delas, verdadeiras farsas.  Farsas tão grandes que me sinto muito, mas muito burra por ter caído nelas. 

A senhora sabe que eu não sou santa. Quantas vezes você brigou comigo porque fiz o que não devia, falei o que não precisava. Mas juro que eu sigo tentando! Mas mãe, como é difícil!

Porque eu sinto aqui dentro de mim aquele grito entalado, aquela vontade de dizer tudo o que está engasgado aqui dentro de mim. De ser debochada, e fazer com os outros o que fazem comigo. Ô mãezinha, você não me disse que só desse jeito eu seria respeitada! Acho que nem você sabia...

Você tentou me ensinar. Eu aprendi. Mas mãezinha, me desculpa, mas minha paciência com o mundo tem limite, e quando as coisas começam a ficar fora do controle, a gente tem que deixar de ser boazinha um pouco e subir nas tamancas. Acho que você vai me entender. Porque você me quer bem, né? E lembro que você me disse uma vez que a coisa que temos de mais preciosa é um bom nome. Então, não vou deixar macularem o meu. Porque eu sei que muita gente já jogou o seu no lixo a troco de nada. Mas o meu não. 

Tudo bem, vou tentar ter um pouco mais de paciência. Mas tenho que avisar que a minha pff... Cabouzis.

Te amo mãezinha. Obrigada por tentar.

Um comentário:

Atriz em cena disse...

Como é difícil lidar com coisas que maltratam nosso coração não é?
Eu era como você: ficava calada, evitava falar no assunto que me aborrecia, até uma amiga me sacudir. E hoje te digo: Se alguém vier com gracinha vai se arrepender da hora que nasceu, porque eu sou forte e a verdade é meu escudo. Quem não aguentar que não mexa nos meus calos.
Fique bem!
Beijos