O eclipse

Ela estava ali, sentada, lendo a carta de uma grande amiga. Uma carta chorosa, onde ela relatava o sofrimento que vinha sentindo por causa de um cara. Um desses tipo que chega, conquista e deixa a "isca" ali, em banho Maria. Não assume um compromisso, mas faz o possível para que a "presa" não se sinta livre dele. Ele não ligava. Não respondia as cartas dela. Mas quando ela ligava ele era tão amável, tão perfeito! Mas era apenas isso. E ali estava uma entre várias cartas com o mesmo assunto. A garota queria deixar de gostar dele, mas ele não deixava.Bandido.

E ela ficava se perguntando: "Mas o que ela viu nele?". Nãoque ele não tivesse seu charme. Mas sua cachorrice era tão óbvia que ela não acreditava que a amiga havia caído nessa. Agora a notícia era que ele iria à cidade da amiga filmar o aniversário de uma outra amiga, e eles iriam se falar. E garota não sabia o que fazer. Ele só havia dito que queria falar com ela. A pergunta era: "O que eu faço?".Bom, ela pensou: ele vai ficar com ela, aproveitar para não ficar sozinho e colocá-la de volta na geladeira. Ela que não fosse boba de ficar com ele.


Passaram-se alguns dias e a amiga realmente não ficou com ele. Passado algum tempo, ele e a garota perderam o contato. Ainda bem, ela não aguentava mais nem ouvir falar o nome dele.

Anos se passaram e, um dia, dois garotos telefonaram pra sua prima, haviam se conhecido num congresso não sei-de-quê. A prima passou o telefone para ela, dizendo que um dos rapazes queria falar com ela. "Ok," ela pensou. Qual não foi sua surpresa quando... era ele! O tal cara! Na hora ela lembrou naquilo tudo e teve uma idéia genial: ia fazê-lo de bobo. Se derreteu toda no telefone. Ele pegou o número do telefone dela e passaram a se falar.

Do telefone, passaram pela internet. Ele estava em suas mãos. Ela, exultante: ele vai ter o troco que merece. Que houvessem se passado anos, não importava. Ele ia provar do próprio veneno. Conversavam todas as noites. Ele ligava para ela todos os dias.A voz dele até que era legal.

Então, surgiu um outro congresso, em que ambos iriam. Marcaram de se encontrar. Ela se arrumou toda, não poderia decepcionar. Logona chegada, viu ele, mas fingiu não ver. Ele a segurou no braço e ela, fazendo uma cara de surpresa, o cumprimentou. Sentaram juntos e conversaram muito. Nem assistiram a palestra alguma!

"Até que ele é legal", ela pensou. Almçaram juntos. Foram dar uma volta, e acabaram numa praça, bastante florida, bem bonita. A conversa foi indo, foi indo... De repente, um daqueles silêncios que sempre dão em alguma coisa... "Ah não, eu não vou cair ness..." Ela nem teve tempo de pensar e ele já a tinha beijado. Ela não conseguiu resistir.

Ao final do dia, ela pensou: "Bom, foi apenas mais um, não significou nada..."Mas ela sabia que tudo estava diferente. Os ares do dia estavam diferentes. Ele não iria ligar. Claro que não. Ela já conhecia o jeito dele. E, boba, havia caído igual uma patinha. Na cidade para onde ela havia ido, muito pequena, não pegava sinal no celular. Ele não ligou.Bom, o sinal não pegava. Mas imagina,ele não iria ligar,ela sabia.

No ônibus, já de volta para sua cidade, ela houve o sinal de mensagem em seu celular. Pega-o na bolsa e lê.Outro sinal! E outro! E outro! Não paravam de chegar mensagens!

"Saudade..."
"Adorei o dia contigo..."
"Foi especial..."
"Quero falar contigo..."

Chegou em casa e trabalhou o dia todo com uma sensação estranha... Não sabia explicar o que era. À noite, ele ligou. Pediu pra ela ir lá fora e olhar o céu. Um eclipse lunar. E então ele perguntou: "Esse pode ser, a partir de agora o NOSSO eclipse?"