Era uma vez...

Casamento e virgindade. Duas coisas nas quais ninguém mais acredita. Eles estavam se casando, e ela ainda era virgem. Ele? Quem sabe.

Esse era o grande dia. O dia em que ela ia provar pra todos que era capaz de fazê-lo pôr uma aliança dourada no seu anular esquerdo. E o dia em que ele achava que tinha enlouquecido.

Quatro anos de namoro. Anos cheios de risos, brigas, ceninhas de ciúmes, cenas de conto de fadas, passeios, viajens, presentes, carinhos cada vez mais intensos e costelas com cada vez mais hematomas de beliscões.

Ela: "Puxa vida, nunca pensei que um dia conseguiria fazer esse lobo virar cordeirinho... Não foi fácil, mas enfim consegui pegar ele de jeito. Agora ele não me escapa! Ah, pensando nisso, tem a noite de núpcias... Legal, vou pôr uma lingerie bem sexy..."

Ele: " É hoje!!!"

Ele esperando no altar. Suando como um cavalo [cavalos suam?]m a roupa apertando, a garganta apertando, a cueca apertando. E a noiva não chega nunca. 10 minutos se passam... 20 minutos... 30 minutos... Enfim, a marcha nupcial começa a tocar , tão de repente que ele dá um salto, tamanho o susto que leva. Ela entra. Linda como nunca. O vestido é perfeito, uma cauda enorme e bordados lindos. Todos ficam encantados com a beleza dela, e se perguntam se algum dia já viram noiva tão linda. Ele pensa: "Puta que pariu, vai dar um trabalho do cão pra tirar isso tudo!!!"

Ela entra na igreja tremendo como cara verde. Mal consegue respirar. Mas isso ela já esperava, afinal de contas foi uma verdadeira luta para entrar no vestido. Ela vê ele, charmoso, esperando por ela no altar. E pensa: "Droga!!! Eu tinha que ter dado atenção à costureira quando ela sugeriu que eu soltasse mais as costuras... Maldito chocolate!".Ela chega ao altar, e se colocam na frente do pastor/padre/ministro/reverendo/rabino/pai-de-santo. Ele faz todo aquele blá-blá-blá que sequer entra nos ouvidos dos dois pombinhos.Chega a hora de trocar as alianças. Após o padrinho vasculhar cada bolso e descobrir que estava com ambas na mão, claro. Despedidas, arroz, etc. Vão para a recepção num buffet podre de chique, beijos, abraços [nos convidados, claro], jantar, e tudo omais.

Enquanto os convidados terminam de comer, eles vão dar um tempinho numa salinha de descanso que o buffet preparou. Sentam, respiram fundo, ele fala o quanto ela está linda, ela sorri, ele a beija. E continuam se beijando. E continuam. E beijam mais um pouco. As mãos começam a correr soltas. O "calor" aumenta.

De repente, no meio do salão, um celular toca. A música "Festa no Apê" ecoa de ponta a ponta do recinto. Uma das damas de honra se levanta, colorida [sorriso amarelo x rosto vermelho]. Tenta pôr no silencioso enquanto se esgueira por entre as mesas. Tropeça na barra do vestido e cai sentada no colo do pai da noiva. O colorido do rosto passa de vermelho pra roxo. Ela pede desculpas, ergue a saia até os joelhos e sai correndo até o banheiro. Se esconde atrás da porta, respira fundo e atende:

-Alô?

-Distraia os convidados que nós vamos demorar um pouco...

-O QUÊ?

-Tu-utu-tu-tu-tu...

Passam-se alguns minutos e a dama de honra, fã do Latino e com sangue camaleônico entra novamente no salão. Não se arrisca a passar por entre as mesas, faz a volta e se dirige ao "palco". Fica pensativa por um instante e, quando ergue os olhos, se depara com um bando de gente olhando pra ela com cara de quem se pergunta: "O que essa maluca tá fazendo aí com o microfone na mão?". Dá uma tossidinha básica, agora já azul.

-Ahn... Hum... Pois é... Tivemos um pequeno probleminha...

Ela mira novamente aquelas MUITAS cabeças totalmente concentradas nela, e com as caras mais estranhas do mundo. Pensa.. Repensa... "Filhas da puta, eles f****** e eu me f******...".Ok, vamos lá:

-Alguém aí conhece a piada do papagaio?

...

=>Virgem? Quem sabe no casamento ao lado...

FUIZ...