quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Até os ossos.


Ela o amava até os ossos. Essa era a única expressã que se poderia utilizar nesse caso. Um caso ao acaso que, no final deu certo. Bom, ao menos deveria dar certo. No início, tinha tudo para dar errado.Mas o que poderia dar errado foi tornando-se na graça daquilo tudo.

Mas havia a distância. Sempre houve a distância. E essa tirava-lhe lágrimas dos olhos constantemente. Como amar tanto sem poder tocar, sentir, ouvir, ver o tanto quanto queria? Por muitas vezes, fraquejou, teve medo, pestanejou, se desesperou, desistiu e voltou a insistir. Ela simplesmente não conseguia lutar contra aquele sentimento. E eis o grande problema: ela era toda sentimento. Dos fios de cabelo mais arrepiados aos rastros que seus pés deixavam pelo caminho. E isso nem sempre revertia a seu favor.

Ele era muito mais razão. A emoção que ele mais valorizava era a aventura. Isso a fazia voar, ter asas e sonhar, sonhar muito! Como nunca havia sonhado pois, apesar de ser toda sentimento, ela também tinha seus pés grudados ao chão. E ele era o único que a fazia voar. Às vezes, era ela quem dava-lhe uma puxadinha de volta à terra, para que não se perdesse no infinito. Mas na maioria das vezes, ele mais a fazia voar do que pensava.

No entanto, ele tinha todos os "poderes" dados aos homens. E o poder que mais a incomodava, era o de a fazer sentir-se constantemente na corda bamba. Ela jamais tinha certeza absoluta de nada. Por muitas vezes esperou por atos que não vieram, por palavras que não foram ditas. Em outras vezes, foi surpresa por estes. Imprevisível em algumas coisas. Totalmente previsível em outras.

Ela sabia exatamente quando ele a iria magoar. E sim, ele a magoava. Já a havia magoado dezenas de vezes. Na maioria das vezes, ela perdoou-lhe em segredo. Nas outras, ele pediu perdão. Haviam períodos específicos em que, não estando bem consigo mesmo, ele se tornava muito crítico com ela. Como toda mulher, ela buscava entender. Se como professora, entendia os problemas por trás dos atos de seus alunos, como agir diferente justamente com ele?

Mas ainda sim doía. Ainda sim machucava. Na verdade, aos olhos dos outros, seriam reles besteiras. Aos olhos dele, provavelmente também eram. No entanto, continuava doendo.

E o amar tanto a fazia o perdoar antes mesmo de que ele pedisse. Após o momento da explosão, seguia-se um momento de reclusão, em que ele se isolava. Não lhe atendia. Não aparecia. Refletia. E depois voltava, com a situação resolvida, mais leve. E assumia o erro. Ou não.

Não, ela jamais acreditou em príncipes encantados. Tampouco imaginou-se capaz de transformar alguém. Mas sim, definitivamente ele havia mudado muito. Para o bem, menos mal. E ela o amava com todos os seus eros e acertos. Com todas suas gentilezas e grosserias. Com todo seu humor e mau humor.

Ela o amava até os ossos.

Um comentário:

vintagepri disse...

Que coisa linda! quem é ela?? rsrs

bjs e ótima quarta light!

;*