
E ela ficou pensando porque isso jamais tinha acontecido com ela. Naquela manhã, ao chegar no trabalho, percebera um lindo buquê de flores que uma colega havia recebido. Não importava o motivo, muito menos quem havia enviado aquele buquê. A pergunta que não queria calar era: "Porque eu nunca recebi flores?". Bom, nas estatísticas ela não contava um buquê que seus pais lhe deram no dia dos seus 15 anos. Até porque aquilo foi a máxima comemoração que ela tivera dessa passagem de idade.
"Nunca havia recebido flores." Esse pensamento não queria calar em sua mente. E ela não estava sentindo inveja do buquê de sua colega. Não mesmo. O fato apenas desencadeou uma linha de pensamentos que não a deixaria o dia todo. E neste dia em especial, parece que todas as mulheres se mostravam dignas de um bouquet, menos ela.
O que havia faltado fazer? O que havia sido diferente com ela? Porque? O que nela era tão ruim a ponto de não merecer um simples buquê?
Não, ela não era uma solteirona convicta. Muito pelo contrário. Namorava há vários anos. E nunca havia recebido flores. Seu namorado dizia que "seu amor não poderia ser medido por algo que morreria da noite para o dia". Lhe presenteara com coisas lindas, quadros com sua imagem pintada por ele. Mas nunca flores. Ele não entendia. Não conseguia compreender o que é receber flores para uma mulher. Na verdade, nem ela sabia dizer o porque que não ter jamais recebido flores a tornava numa pessoa pior, como ela sentia.
E parece que ela mesma murchara aos poucos, durante o dia. Já não sentia nada, apenas aquele sentimento de impotência e de inferioridade que a separava de todas as outras mulheres. Será que haveria alguma mulher, no mundo todo que, como ela, jamais teria recebido flores? Existiria alguém que sentia-se como ela, triste e menosprezada por algo tão... tão... banal...? Banal. Haveria alguma mulher que consideraria flores algo banal?
E então ela começou a pensar na fugacidade das flores. Ornavam enfeites que, em dias, se tornavam murchos e feios, e acabavam parando numa lata de lixo qualquer. Porque seria isso tão importante? Algo tão passageiro, tão... Ela não sabia como encontrar ainda mais defeitos.
E seu pensamento foi-se no sentido contrário. Imaginou-se recebendo um lindo ramalhete, e parece que seu coração aqueceu-se. Imaginou então, uma simples rosa sendo posta em suas mãos. Mas tudo não passava de imaginação.
Não ela nunca recebera flores. E agora não sentia mais que era especial o suficiente para recebê-las.
Decidindo mudar seus pensamentos de foco, fez-se uma última pergunta: receberia flores algum dia?
2 comentários:
Passando para te desejar um final de semana maravilhoso bjs flor!
Postei a continuação de "cena de cinema" hoje!!!
Beijo
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